O que faz um esteticista? Profissão está em expansão na área da saúde

O que faz um esteticista
O que faz um esteticista | Créditos: JulPo/iStock

Em meio ao crescimento do setor de beleza no Brasil, um dos maiores mercados do mundo, a atuação de esteticistas tem ganhado destaque em outras áreas, além de salões de beleza e spas. Atualmente, esses profissionais se inserem também em clínicas dermatológicas, hospitais e centros de reabilitação, desempenhando um papel importante na promoção da saúde física e também emocional dos pacientes.

O avanço da área acompanha a expansão do setor de cosméticos e bem-estar. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o mercado de beleza e cuidados pessoais no Brasil alcançou R$ 124,5 bilhões em 2021 e pode ultrapassar os R$ 130 bilhões em 2026. Assim, as profissões ligadas a estética e cosmética passam a ocupar uma posição estratégica no mercado, combinando conhecimentos técnicos e científicos com habilidades voltadas para o cuidado integral com o corpo e a pele.

Romulo Porto, coordenador do curso de Estética e Cosmética da Universidade de Fortaleza, explica que esse profissional é especializado em “promover a saúde e a beleza da pele, do corpo e do cabelo, por meio de tratamentos e procedimentos terapêuticos”. Em entrevista ao blog da Unifor, ele também ressalta que a atuação exige ética, domínio das normas de saúde e segurança e atualização constante. “O mercado está sempre evoluindo com novas tecnologias e tendências, o que requer uma disposição para a aprendizagem contínua”, afirma.

Mas, afinal, o que faz um esteticista?

Regulamentado pela Lei n° 13.643/2018, o esteticista é um profissional apto a realizar procedimentos estéticos faciais, corporais e capilares, com foco não apenas em beleza, mas também em saúde e bem-estar.

Esse profissional pode atuar em clínicas de estética e dermatologia, realizando tratamentos voltados para saúde da pele, prevenção do envelhecimento precoce, controle da acne, manchas e outros desequilíbrios cutâneos. Entre os procedimentos mais populares realizados, estão limpeza de pele profunda, peelings, drenagem linfática, uso de radiofrequência e outras técnicas com equipamentos de alta tecnologia.

Nos hospitais, sua atuação se dá na estética integrativa, oferecendo cuidados que contribuem para o bem-estar físico e emocional de pacientes com doenças crônicas, em tratamento oncológico ou em recuperação cirúrgica. Em spas e centros de bem-estar, o esteticista desenvolve protocolos que unem estética e relaxamento, como massagens modeladoras, banhos terapêuticos e outros rituais de cuidado.

Além dos tratamentos faciais, esse profissional também atua na estética corporal, cuidando de celulite, flacidez, gordura localizada e estrias. Na área capilar, trabalha com o couro cabeludo, controle de oleosidade e estímulo ao crescimento dos fios.Todas essas atividades exigem conhecimento técnico e também sensibilidade para ouvir o cliente e orientá-lo sobre os cuidados diários.

Em situações mais delicadas, como o suporte a pacientes oncológicos ou em pós-operatórios, o esteticista atua no tratamento de cicatrizes e queimaduras e pode colaborar com equipes médicas, inclusive cirurgiões plásticos. Trata-se de um campo multidisciplinar, que exige empatia e comprometimento com a saúde integral do paciente.

Setor em ascensão constante

A crescente valorização do autocuidado tem impulsionado a procura por profissionais qualificados. Segundo dados divulgados pela Forbes, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking global de consumo de produtos e serviços de beleza, ficando atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. Estima-se que existam mais de 480 mil profissionais da área em atividade no país, com remunerações que podem ultrapassar R$ 5 mil, especialmente em clínicas especializadas e em atuação autônoma.

E o setor, mesmo diante de crises econômicas, se mantém firme. O envelhecimento da população e a popularização de procedimentos não invasivos aumentam a demanda por serviços que promovam resultados duradouros e seguros, reforçando a importância da qualificação profissional.

Estética como promoção de saúde

Os tratamentos realizados por esses profissionais podem contribuir para o bem-estar físico e emocional dos pacientes. Com a ajuda de procedimentos realizados por esteticistas, é possível ter uma melhora na autoestima de pacientes oncológicos e até no suporte emocional em situações de depressão ou baixa autoestima, por meio de cuidados com o corpo.

Esse viés terapêutico faz com que a profissão seja cada vez mais valorizada no contexto da saúde integrada. Em diversos casos, o esteticista atua em conjunto com médicos e fisioterapeutas, participando de cuidados que vão além do visual.

Formação e cursos

O curso de estética e cosmética é oferecido principalmente na modalidade tecnólogo, com duração média de dois a três anos. A formação reúne disciplinas de base científica, como anatomia, fisiologia, microbiologia, cosmetologia, eletroterapia e biossegurança. A estas se somam conteúdos aplicados, como técnicas de massagem, drenagem linfática, terapias integrativas e diversos outros procedimentos estéticos.

Boa parte da carga horária é voltada para atividades práticas, e muitas instituições de ensino oferecem atendimentos supervisionados em clínicas-escolas, proporcionando vivência real com os equipamentos e procedimentos mais utilizados no mercado. Além disso, o curso prepara os estudantes para atuar com responsabilidade e consciência ética, respeitando as normas da vigilância sanitária e promovendo o bem-estar dos pacientes.

É possível também se formar em uma faculdade de estética, que representa um diferencial para quem busca uma formação mais completa e diversificada. O curso superior prepara o profissional para executar procedimentos e compreender aspectos mais profundos da saúde, da gestão de negócios e do atendimento humanizado.

Além das disciplinas técnicas, a graduação oferece uma base sólida em conteúdos como anatomia, fisiologia, cosmetologia, eletroterapia e biossegurança, ampliando o entendimento sobre os impactos dos tratamentos estéticos no organismo. A formação vai além e inclui também matérias como marketing, gestão e empreendedorismo, o que capacita o profissional para atuar em clínicas multidisciplinares, liderar equipes, abrir o próprio negócio ou até mesmo seguir carreira acadêmica.

Essa qualificação mais robusta permite ao esteticista lidar com casos mais complexos, integrar equipes em hospitais e até participar de projetos de pesquisa. O reconhecimento do diploma superior garante ainda o acesso a concursos públicos de nível superior e a possibilidade de cursar uma pós-graduação.

A estética no Brasil deixou de ser vista apenas como sinônimo de vaidade e também ocupa um papel nas práticas de cuidado e saúde. A carreira possibilita atuação em diversas áreas do mercado, ajudando na promoção de qualidade de vida.

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